Inovando ou reinventando a roda?

Grupos multidisciplinares munidos de post-its e canetinhas coloridas passam horas (ou dias) refletindo sobre um problema que a empresa precisa resolver. Sob a batuta de um facilitador experiente, o grupo utiliza métodos e ferramentas que ajudam a expandir a compreensão do problema para identificar a “dor real” e estimulam a criatividade para trazer soluções inovadoras. O momento é inspirador e, se bem conduzido, gera frutos de engajamento e aprendizados que vão muito além da solução construída. Então seria esse o caminho adequado para resolvermos todas as questões que surgem na empresa? DECIDIDAMENTE, NÃO! 

Vivemos em um momento de transformações, recheado de temas inéditos e de novas ferramentas, que surgem o tempo todo e ampliam o leque de possibilidades de resposta às nossas demandas. Além disso, há uma transformação de valores e de contexto mudando os parâmetros que configuram os problemas e as soluções. Por exemplo, num passado não muito distante, temas como diversidade e sustentabilidade não faziam parte da equação dos negócios. Hoje, eles têm que integrar a lente pela qual enxergamos os problemas e validamos as soluções. Nesse contexto de tantas novidades, é claro que não dá para sair “copiando e colando” as soluções do passado. Mas será que todas as experiências do passado perderam a validade? DECIDIDAMENTE, TAMBÉM NÃO!

 

Quando o remédio vira veneno

Há uma linha tênue (ou não tão tênue assim!) que divide a inovação e a reinvenção da roda. As empresas ainda lutam muito para descontruir a cultura do apego e do “sempre foi assim”. Essa é uma luta legítima e fundamental para renovar o espírito e desbloquear a energia criativa e inovadora das equipes. A armadilha dessa batalha está justamente em colocar o ponteiro no extremo oposto, onde nada nos serve mais e passamos a construir tudo a partir de uma folha de papel em branco, post-it e canetinha colorida.

No começo pode parecer estimulante, mas ao longo do tempo e com doses exageradas, o remédio pode virar veneno. Cansa os participantes. Erros evitáveis desgastam e geram conflitos. Excessos e equívocos na dinâmica colaborativa podem impactar a autonomia e o accountability das áreas. Tempo demasiado para resolver assuntos que poderiam ter seguido a voz da experiência. Enfim, a lista de efeitos do veneno é extensa, mas a verdade é que a lista dos benefícios é ainda maior e não dá para abrir mão do potencial das dinâmicas criativas e dos novos métodos colaborativos de trabalho. O caminho, como sempre, está no equilíbrio e no senso crítico para identificar quando a questão é a roda ou a oportunidade de um carro voador

 

É mais uma roda ou um carro voador?

Separar o joio do trigo não é nada trivial e, por isso, é fundamental engajar as lideranças nesse debate. Mesmo que a empresa conte com especialistas apoiando suas iniciativas, nem sempre eles terão a perspectiva adequada para definir o ponto de equilíbrio apropriado para aquele contexto em particular. Já os líderes possuem um ponto de vista privilegiado, capaz de focalizar histórias, conhecimentos, pessoas, e relações, além de dominarem o repertório da área que pode conter cardápios de boas práticas aplicáveis aos temas em pauta.

Munidos de sua visão apurada, eles podem ajudar na identificação das oportunidades mais promissoras e mais alinhadas com a estratégia formal ou informal de inovação da empresa. Além disso, ao trazer as lideranças para essa conversa, podemos estimular uma postura mais aberta e inovadora no dia a dia de suas operações e na solução de problemas em suas áreas. Desta forma, vamos construindo as trilhas para aplicar as dinâmicas colaborativas em escala adequada, abordando temas relevantes, potencializando o resultado dessas iniciativas e garantindo que os encontros sejam momentos criativos, produtivos e realmente especiais para todos.

 

 

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